terça-feira, 6 de agosto de 2013

Amanhecer, Pateira de Fermentelos, 03-08-2013



4h45. Ainda é de noite. Deitei-me há pouco e já me estou a levantar outra vez. Mas é por uma boa causa... espero.

O destino é a Pateira de Fermentelos (quem não souber onde fica, basta ir ao Google Maps). Nunca lá tinha ido. Vai ser a primeira vez.

Vou com os amigos do costume, Nuno Rodrigues, João Rodrigues e Liliana Guedes, que mesmo não gostando de levantar muito cedo, lá vão alinhando nos convites que lhes vou fazendo.

Está fresco, mas não muito frio. Carregamos todo o material no mesmo carro. Rodas ao caminho.

Para nascente não se vislumbram nuvens. Mau. Parece que não vamos ter sorte. Custa levantar cedo e depois não termos as condições ideais reunidas. Reclamamos. E voltamos a (re)confirmar pela janela do carro, uma e outra vez. Voltamos a reclamar...

Quase quarenta e cinco minutos depois chegamos. Já há claridade no céu, mas ainda falta um pouco até o sol nascer. Já há pelo menos um colega - que, mais tarde, me abordará por me ter reconhecido do mundo virtual - , que chegou mais cedo, e que reserva para si um espaço. O tripé já está em posição.

Procuramos um espaço para nós. Para cada um de nós, mas não é fácil. Pior só na charcutaria do supermercado. Mas, por fim, lá vamos ocupando posições. Depois esperamos, pacientemente. Enquanto isso estudamos composições, fazemos uma fotografia, ouvimos o galo, a água a viajar, fazemos mais uma fotografia.

Aqui e ali trocamos ideias, falamos disto e daquilo, ou pura e simplesmente estamos em silêncio. Aqui e ali ouve-se o obturador a funcionar. Sai mais uma fotografia.

Nasce o sol, registamos o momento, maravilhamo-nos, embora as condições para a fotografia não estejam totalmente reunidas. Há muito poucas nuvens. Aliás, existem algumas, mas do lado contrário, para poente. Mas dou-me por satisfeito. O sol já vai um pouco alto, a luz já começa a ser muito intensa, está na hora de arrumar tudo e a manhã está feita. A fome já começa a apertar e o cartão de memória já guarda algumas imagens.

Entretanto tenho oportunidade de conhecer, pessoalmente, o Daniel Palos. O "tal" amigo virtual que agora sei que é real. Trocamos algumas palavras, parece que já nos conhecemos há muito. E conhecemos, mas nunca assim, frente a frente. A fotografia (também) tem destas coisas.

E aqui fica um pequeno vídeo desta sessão, um amanhecer na Pateira de Fermentelos.







Para lá do Cabo Mondego, Figueira da Foz, 27-07-2013



Um vídeo num espaço (essencialmente) de fotografia?!

Sim, é verdade e tem uma razão. Se uma imagem vale por mil palavras, um vídeo pode significar algumas mais. O ideal seria poder juntar uma experiência sensorial mas, como para já ainda não é possível, vai mesmo ter de ser assim.

Para além das fotografias, que vou fazendo aqui e ali, com este ou aquele amigo (ou amigos), ou sozinho, vou tentar publicar alguns vídeos desses locais. Será uma forma, embora limitada, de tentar colocar as pessoas que por aqui passem nesses mesmos sítios. Como se, de alguma forma, estivessem lá comigo.

É também uma forma de conhecerem alguns locais que, eventualmente, não tiveram ainda oportunidade de visitar, ou que possa ter um ambiente diferente do que está habituado a ver, seja pelas horas, pelo estado do tempo, pelo enquadramento.

Sempre que me lembrar, ou me for possível, aqui deixarei um vídeo desta ou daquela sessão.

Por fim, nota para a qualidade dos mesmos. A ideia base, dos vídeos, acabei de explicar. Pelo que a qualidade será o que menos importa, já que tanto posso filmar com uma câmara DSLR, como com o telemóvel - este será seguramente muito mais utilizado para o efeito.

Espero, sinceramente, que seja do vosso agrado.

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Para lá do Cabo Mondego, Figueira da Foz, 27-07-2013

Mais um fim de dia para fotografar. Comigo está o Nuno Rodrigues e ambos tentamos registar o melhor que conseguirmos mais um pôr do sol. O mar, agitado, mantém respeito. Mas as nuvens, que são cada vez menos, vão ganhando alguma cor. Chegámos cedo, mas desde logo sabíamos que seria aqui que iam ser feitas as nossas fotografias, ficassem elas bem, ou assim-assim.

Aguardamos pela luz ideal. É uma espera que se faz com gosto. É bom sentir a natureza, a brisa fresca, o cheiro a mar, os salpicos no rosto. Está quase. Como companheiros habituais temos os pescadores. Cada um pesca o que mais lhe agrada: uns peixes, outros luz. Os meios para o fazer também não podiam ser mais diferentes.

Olhamos para todos os sítios em busca do melhor enquadramento. Terminado aqui, corremos para ali. Há que olhar e sentir com atenção e emoção. Fotografia é isto... e muito mais.

PS: Deixei, propositadamente, o som do vento e da água...





segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O que é nacional, é bom!



(Fotos: João Rodrigues)


A fotografia ocupa um lugar muito especial na minha vida. Isto já não é propriamente novidade para as duas ou três pessoas que acompanham o meu trabalho.

Desde que comecei a fotografar, mais a “sério”, que vejo o mundo de outra forma. Já passaram alguns anos, mas parece que a beleza que nos rodeia não para de me surpreender. Há dias que nascem gloriosos e acabam vertiginosos. As cores do e no céu explodem e deixam a sua marca para onde quer que a nossa vista alcance. Infelizmente, nem toda a gente vê, mesmo quando tudo se passa à sua frente.

Mas podia falar dos dias de nevoeiro, dos fabulosos céus carregados e escuros, da chuva, das sombras duras em dias de sol intenso. Podia falar das madrugadas, do anoitecer, das estrelas, da lua, do calor, do frio.

E ainda das caminhadas, das marés, da sensação libertadora que é estar à espera de tudo isto junto à minha câmara fotográfica. Do ritual que é organizar e limpar o equipamento para a próxima saída fotográfica. De montar o tripé e a câmara, de escolher a objetiva, de compor, de carregar no botão e ouvir o barulho do obturador. Há momentos e sensações que todos, sem exceção, deveriam ter e sentir nas suas vidas.

Tudo isto e muito mais faz agora parte da minha vida. A fotografia ofereceu-me, e continua a oferecer, muito mais do que aquilo que estava à espera. Mas é preciso gostar mesmo. Muito. Assolapadamente.

Para além de novos amigos, também eles apaixonados pela fotografia, passei a conhecer melhor o nosso país. Sozinho, ou acompanhado, tenho descoberto autênticas pérolas, locais magníficos e inspiradores. E são estes que gosto de guardar no cartão de memória da minha máquina. Que vibro ao revê-los sempre que abro os ficheiros para edição. É como se a viagem recomeçasse, ou nunca mais acabasse.

Se é verdade que o equipamento é o que menos importa em toda esta equação, não podemos desprezá-lo na totalidade. Com qualquer tipo de máquina podemos obter boas fotografias. E más, claro.

Não é a primeira, nem segunda, nem será a última vez que ouço alguém referir-se ao trabalho que mostro como sendo resultado do equipamento que possuo. Amanhã de manhã vou deixá-lo sozinho, fora de casa, e vamos ver se ele me consegue trazer alguma coisa de jeito. Talvez seja melhor esperar... sentado?!

De qualquer modo, seria mentira se não dissesse que toda esta tecnologia me fascina. Acho que, de um modo, ou de outro, mais, ou menos, fascina toda a gente. Quem não gostaria de ter, se pudesse, o último modelo da câmara, do tripé, ou aquela objetiva f/1.2 que tanto fascínio causa e que tão bons resultados oferece?

Atentem agora a volta que fui dar, para dizer que tenho um dos mais recentes produtos, para fotografia, feitos em Portugal. Uma bolsa para os meus filtros ND.

Mas não foi só este novo acessório que nasceu. Com ele aparece uma nova empresa, a Terrascape, que se vai dedicar a desenvolver equipamento para fotografia e fotógrafos. E portuguesa, de Portugal!

Não sei como consegui viver sem esta bolsa protetora todo este tempo. No início tinha poucos filtros. E baratos. E pequenos. Comprei uma bolsa pequena que facilmente os transportava, mas não era prática.

Depois de passar para o formato full-frame, com a compra da Canon 5D MK II, investi em filtros de 100mm, de densidade neutra full e gradientes. Comprei ainda o Lee Big Stopper. Um investimento que merecia algum cuidado. E tenho, só que até agora de forma “deficiente”.

Por não haver soluções interessantes no mercado, em matéria de proteção, tenho andado com os filtros nos invólucros originais. Acreditem que, embora me tenha habituado, não é nada prático e obriga, algumas vezes, a fazer ginástica.

Felizmente, tudo mudou. Agora sou um fotógrafo feliz. Graças a esta nova bolsa da Terrascape tenho os meus filtros mais protegidos do que nunca. Protejo-os contra riscos, torções, quedas e, como já me ia acontecendo mais do que uma vez, esquecimento.

É uma bolsa maneirinha – nem grande, nem pequena, do tamanho certo. E muito bem construída. No exterior, encontramos nylon cem por cento à prova de água e não foi colocada qualquer peça metálica, evitando-se o aparecimento de ferrugem, ou oxidação, decorrentes da chuva ou do sal do mar – onde passo muito do meu tempo a fotografar.

No interior, verifico que tenho espaço suficiente para guardar os filtros. E que a divisória é suave ao tato. Permite guardar até dez filtros na medida de 100 ou 150mm e, recorrendo a um passo de mágica, ou seja, voltando o separador ao contrário, quem tiver filtros de 85mm pode guardar até vinte unidades. Mais do que suficiente para esta vida de fotógrafo...

Na parte da frente temos uma bolsa onde é possível guardar o suporte de filtros e respetivos anéis. Ou seja, esta bolsa foi pensada por fotógrafos, para fotógrafos. Tem um objetivo. Cumpre na perfeição?

Sim e... sim!

Mochila às costas, tripé na mão e a nova bolsa para filtros a tiracolo, à altura do peito. Caso quisesse, podia facilmente prendê-la ao cinto das calças. Desta forma, será muito mais difícil esquecer-me dos filtros pousados na areia da praia, numa rocha, ou no meio de folhas e flores.

Estou no local certo para fotografar mais uma paisagem. Nossa. Portuguesa. Abro o tripé e coloco a câmara. Escolho a objetiva e insiro o cabo disparador. A luz à minha frente não espera por mim. Eu é que tenho que esperar por ela. Apresso-me a compor e a avaliar os tempos de exposição. Vou precisar de filtros para conseguir equilibrar o contraste de luz que existe no momento.

Na posição em que a bolsa se encontra acedo a eles sem qualquer problema. Agora que a uso, posso comprovar que é uma diferença como do dia para a noite. Pelo valor de um filtro tenho uma bolsa que protege todos os outros. E é nacional. É bom.

Registo o momento. E mais outro. E, porque estou entusiamado e inspirado com o que se passa à minha frente, mais um registo. Por fim, termino. Está na hora de arrumar tudo. Agora é ainda mais prático e rápido. Esta bolsa da Terrascape é fabulosa.

Terei fotografia(s)?










NOTA: Pensavam que me estava a esquecer? Pois bem, saiba mais sobre este novo produto no site da Terrascape, em www.terrascape.pt. Para já, pode encontrar esta bolsa nas lojas da especialidade, como  Niobo (www.niobo.pt), ou Jvalles (www.jvalles.com). Mas, em breve, em muitos outros pontos do país... e estrangeiro.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Maluquinhos à solta



Foram dois dias duros. Sexta e sábado no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Dois dias para tentar fotografar alguma coisa de jeito no único parque nacional que Portugal tem. Dois dias para respirar e transpirar fotografia. Dois dias para estar em contacto com a natureza. Ou melhor, ser engolido por ela. Há dias "difíceis"...

Esta viagem estava programada há anos. Sabia que tinha de acontecer. Só não sabia quando. Foi agora. Tinha de ser agora.

O "grupo" era para ser maior. Por esta ou aquela razão, que não interessa para o caso, ficou reduzido a dois. Dois gatos pingados - eu e o Nuno Rodrigues - para registar o outono no Gerês. Tanta vez conversa, agora convertida em realidade. Mochila pronta e pés ao caminho.

Não me perguntem a razão. Mas tinha a ideia de que o Gerês ficava mais longe. Tão longe que podia adormecer pelo caminho. Ou nunca mais lá chegar.

Mas afinal não. Está ali, ao virar da esquina. Pelo menos para mim, que liguei a ignição do carro em Coimbra e não em Vila Real de Santo António.

A previsão do tempo para o fim de semana escolhido parecia querer brincar connosco. Ora ia estar assim. Ou estar assado. Num dia aparecia chuva, no outro sol. Parecia perguntar: cara ou coroa? Não gosto de jogos de azar.

O que nós queríamos? Se lhe disser que queríamos nevoeiro e até aquela chuva molha-tolos, acredita? Pois, foi o que pensei...

Para melhorar ainda mais os resultados - já de si sofríveis, mas isso já são outros quinhentos -, podia conjugar-se um amanhecer com nevoeiro e um pouquinho de sol, que conseguisse trespassar parte dos seus raios e oferecer-nos momentos sublimes para a fotografia.

Sim, pedir não custa nada. Absolutamente nada. Só que uma coisa é querer. E outra bem diferente, é ter. Mas como o meu amigo Nuno diz, "temos que 'trabalhar' com a luz que temos". Como eu odeio esta frase.

Sexta-feira, terminado o almoço, cedo, lá fomos à procura do que fotografar. E esta frase é quase uma piada, porque o que não falta são coisas para fotografar. Bem vistas as coisas,  não precisamos de procurar. Basta dar um pontapé numa pedra.

Durante o almoço começámos a reclamar. Estava muito sol. Vejam só, muito sol. Nuvens, algumas, mas nada que nos espantasse. Parecíamos dois velhos rezingões. Queríamos, a toda a força, nevoeiro ou chuva. Mas não muita, se faz favor.

Resumindo: parecia conversa de maluquinhos. E talvez fosse. Talvez sejamos.

Chegamos à entrada da Mata de Albergaria. Estaciono o carro. Salivamos. Se a entrada promete, como será o prato principal?!

Mochilas e tripés para fora da mala. Botas calçadas. Tudo a postos para fazermos o que mais gostamos: fotografar. Somos mais uns maluquinhos da fotografia. Parece-me bastante saudável, que pensem assim.

O silêncio ouvia-se e fazia-se sentir. É bom estar no meio da natureza. De repente... uma voz descontrolada, ou nem por isso, rasga este silêncio. Não para. Grita. Exalta-se. Grita.

Era só um pastor e as suas vacas. Este era acompanhado por um homem mais novo e por uma senhora. O jovem corre "freneticamente", qual Usain Bolt, para controlar uma vaca que ganha vontade própria. Ia caindo. A vaca.

A vida no campo afinal até que é agitada. Onde é que está a calma que tanto apregoam?

Meto conversa com a senhora. Esta responde. Digo que ainda são muitas vacas. Responde-me: "São umas 33".

Umas??!! Bem, quero acreditar que a senhora saiba efetivamente quantas anda a "passear".

Decido não tirar a típica foto à vaca. Decido-me por um panning. Como nos automóveis. Só que sem rodas.

Umas das fotografias quase que dava uma obra de arte. Mas, afinal, parece que se fica por um borrão na tela. Não está má de todo, mas parece que ainda não é desta que vou deixar a minha marca no passeio da fama.

Seguimos caminho, pela estrada fora. Sempre a reclamar. Sempre a protestar com S. Pedro. Um quilómetro. De outono ainda muito pouco. Uma brisa. Uma folha aqui e outra acolá. Dois quilómetros e mais uns passos. Agora sim, lá começam a surgir as árvores com as folhas amarelas, e castanhas, verdes, alaranjadas.

E muitas folhas no chão. Que linda tapeçaria nos é oferecida pela mãe natureza. Viro a máquina para tudo o que é sítio. Mas não registo nada. Vou vendo o que ela vê. Como ela vê. Que é diferente de como nós vemos.

Aqui e ali vou descobrindo um motivo para fotografar. Subo as pernas do tripé, para logo a seguir baixar. Rodo a máquina para a posição vertical, para logo voltar à horizontal. Verifico histograma. Tento compor com cuidado, com equilíbrio. Tripé firme, foco efetuado, carrego no comando remoto e registo o cenário. O som do obturador rompe tudo à sua passagem. É poético...

Saímos da estrada para tentar alcançar outras vistas. Mais curtas, mas igualmente belas. As folhas reclamam à nossa passagem. Mas é música para os meus ouvidos. Mais um registo aqui e outro ali.

Voámos mais de três quilómetros, com muitas paragens para sentir e registar o que víamos. Mas a sensação de que o melhor ainda não tinha sido visto tomava conta de nós. Mas estava a ficar tarde e queríamos ver o pôr do sol ao Miradouro da Pedra Bela, uns quilómetros afastados de onde nos encontrávamos. Estava na hora de regressar ao carro.

Foram quase quatro quilómetros a subir. A pé. Carregados com equipamento. Estou velho de mais para isto. Nós últimos metros comecei a ver uma multidão a aplaudir o nosso esforço. Estava apenas a começar a ter visões...

O final do dia, que até então até prometia alguma coisa, saldou-se num autêntico flop. As nuvens, queridas amigas dos fotógrafos, fugiram para bem longe - soubemos, à noite, que tinham ido para o lado de Cascais e arredores, a avaliar pelas fotografias que amigos colocaram no Facebook.

O sol pôs-se. Não havia nuvens que agradassem. O dia estava terminado? Nem pensar! Ainda faltava algum tempo para o jantar. Próximo destino: ver o que dava para fazer com as pontes que cruzámos quando entrámos em Vilar da Veiga, a poucos quilómetros da Vila do Gerês, onde estávamos.

Chegámos. Está frio e já um pouco escuro. Mas, nesta condição, a máquina consegue ainda ir buscar um pouco mais de luz, do que aquela que os nossos olhos absorvem. Carro estacionado, casaco vestido, mochila e tripé para fora da mala. Mais uma vez.

Está escuro. O frio enrijece as mãos. Mas o prazer é maior do que a dor. Olhamos à volta e a vista para norte destaca-se do restante. Máquina apontada, cabo disparador ligado, objetiva escolhida. Passa um carro. Passam dois e três. E mais um e quase que consigo adivinhar o pensamento dos passageiros. Sim, os maluquinhos da fotografia voltam a atacar.

Aproveitamos para registar as estrelas. Paradas e em "movimento". Para a primeira situação, ISO mais elevado, tempo não superior a 20 ou 30 segundos. A partir daí começa a notar-se o rasto das estrelas. E o que se pretende é apenas ver os pontos brilhantes no céu. Duas ou três fotos depois, duas ou três composições testadas e temos algumas imagens que agradam. Que nos agradam.

Agora em movimento. Abertura nos f/5.6, ISO no mínimo, foco feito e passado para manual, composição feita e uma exposição de... 15 minutos. Podia ser mais um pouco. Um pouco como, talvez, meia-hora. Ou mais. Pouca coisa.

Quinze minutos depois e muita conversa deitada fora, eis que surge a imagem no ecrã da máquina. O arrasto está lá. Ficou bom. Gostei do resultado. Optei por uma composição horizontal e tenho metade do círculo do arrasto. O Nuno preencheu o ecrã na posição vertical. Ficou com o círculo completo. O nosso portefólio já tem estrelas. Mas não são estrelas...

Satisfeitos, fechámos o dia 1. Jantar. Regresso ao hotel e analisar o "trabalho" do dia.

Mas os maluquinhos ainda vão voltar a atacar. Informo na receção que temos intenção de sair por volta das... 5h30! Sim, da manhã, reafirmo. Olham para mim com aquele ar de, "coitado, não deve estar a falar a sério...".

A senhora, amável, decide ser simpática e deseja-nos um dia igual ao que tinha sido aquele. De preferência com sol, para podermos fotografar. Digo que o que pretendemos é exatamente o contrário. Que vamos para a serra, ou Mata, àquela hora, para ver se nos é oferecido nevoeiro. O ar de espanto ultrapassou o balcão. Não nos chamou malucos assim, diretamente, mas acho que pouco faltou. Até poderia ter razão.

Depois de encostar a cabeça na almofada para descansar, toca o alarme do telemóvel. Já?!! Nem pestanejo - difícil com os olhos fechados - e visto-me enquanto o diabo esfrega o olho. O Nuno também está quase pronto. Saímos porta fora pouco passa das 5h45.

Chove lá fora. Nevoeiro, nem vê-lo. Está tudo molhado. Só se ouvem os nossos passos e a chuva a cair. As luzes ainda estão ligadas. É cedo. Somos só nós e... o carro do padeiro. Um trabalhador e dois maluquinhos.

Avançamos estrada fora em direção à serra. Em direção à Mata de Albergaria. Não se vê ninguém. Está escuro. Aliás, está para lá de escuro. As luzes do carro orientam-me nas curvas. Vou cauteloso, mas ao mesmo tempo empolgado. Como irá amanhecer?

Finalmente chegamos. Chegamos à Portela do Homem, à fronteira com Espanha. Ainda está de noite, mas a claridade no céu já se nota. Aguardamos dentro do carro. Chove bem lá fora. Avisto vultos refletidos no espelho de água que está o chão. Um, dois, três. Aproximam-se. Não consigo ver quem, ou o que é. Ainda está escuro e nós ali, no meio da Mata. Que maluquinhos...

Afinal são cavalos, ou garranos. Estão curiosos, mas afastam-se para comer. A luz do dia começa a surgir. Chove menos e vislumbramos nevoeiro no topo das serras. Decidimos ver a ponte que passa por cima do rio Homem. Não me consigo conter e tiro o material do carro. Está a chover novamente. A máquina e objetiva já estão molhadas, mas se a marca diz que podem suportar alguma água, nem paro para pensar.

O Nuno retrai-se e apenas usa o telemóvel. Eu gasto cerca de dois minutos a fotografar. Em duas ou três fotos com sensivelmente 30 segundos de exposição. A lente da objetiva fica molhada e decido parar para limpar. Estou satisfeito com o que acabei de registar. Entretanto, os cavalos seguiram-nos e miram-nos. Pensarão o mesmo, de nós, que muitas pessoas? É o mais certo. O Nuno fotografa-os. Eles assustam-se e batem em retirada. Não estão para aturar maluquinhos da fotografia.

Depois lá seguimos nós, mata fora. Mais paragens em todas as estações e apeadeiros. Tira material, guarda material. Continua a chover. Não muito, mas o suficiente para deixar tudo molhado. Passa um carro. Dois. E lá continuamos nós na rua, debaixo de água. As pessoas olham. E voltam a olhar.

E nós também. Mas para a beleza que muitas delas estão a perder. Acham que viram. Mas se calhar não viram bem. Nem nós, mas pelo menos tentámos. Ou vamos tentando.

Chegámos à entrada e verificamos que não nos cruzámos com uma única ponte de madeira. Não podia ser. Analisamos algumas notas de viagem que anotámos antes de partir. Não nos vamos embora sem encontrar o que queremos. Inverto a marcha e lá vamos nós, de olhos bem abertos. A chuva, essa, continua a cair. Umas vezes mais, outras menos.

E como quem procura, encontra, lá estava o que tanto queríamos. Pontes de madeira. Num local digno de filme, pelo menos com o ambiente que nos rodeava. Água, humidade, verde, pontes, montanha, neblina. Entre registos somos obrigados a limpar as objetivas. Mas nada que nos faça parar. O local é bonito demais para nos fazer sair de lá. Mais uma vez, só nós e a natureza. E os carros, lá mais em cima, a passar. E, quem lá vai, a pensar que vê...

Por mim, se tivesse acabado ali o dia, estava satisfeito. Já tinha o que queria. Fotos de que gostava. E, para mim, é o que basta.

À saída, pelas 9h30, estão a chegar outros companheiros de hobby. Outros maluquinhos. Que, a avaliar pela hora a que estão a chegar à Mata de Albergaria, devem estar num estado mental já mais saudável do que o nosso.

Regressamos ao hotel para tomar o pequeno-almoço e um banho. Fazer check-out e "descobrir" outros locais. No caso, a Cascata do Arado e do Taiti.

Na primeira a paisagem deslumbra. Numa ou outra zona tem semelhanças com algumas áreas do Canadá. Linda, inspiradora, fotogénica. Pelo menos aos nossos olhos. Aos olhos dos maluquinhos.

Apontamos para um eventual regresso ao local ao pôr do sol. É merecido.

A cascata é imponente, mas difícil para fotografar. Terá que ficar para outra altura, para outra visita, para outro momento. Material de volta à mala do carro, que o Taiti (ou melhor, a cascata) espera-nos.

O sol vai querendo começar a dar um ar da sua graça. Não era bem o que pretendíamos, mas não há nada a fazer. Encostamos o carro e voltamos a subtrair o material fotográfico da mala. Pode parecer de maluquinhos, mas acaba por dar um enorme gozo saber que estamos a um passo de mais um momento fotográfico. Mesmo que o resultado depois seja sofrível.

Quando estamos de partida chega mais um fotógrafo. Não, mais dois. Afinal são três, quatro, seis, oito. Uns dez, para ser conta certa. Sim, tudo a transportar máquinas, tripés, mochilas, sorrisos, vontade.

Se há coisa que me limita quando estou a fotografar, é a fome. Não consigo raciocinar. Tento, mas é mais forte do que eu. Já não consigo olhar para onde quer que seja e ver uma pena de frango, um bife de vaca, um bacalhau com broa. Não vale a pena, tenho que abastecer.

O almoço foi perfeito, obrigado. Estava delicioso, ou eu com muita fome. Acho que as duas coisas. Estamos prontos para mais uma tarde de ação fotográfica.

Destino: de volta à paisagem da Cascata do Arado e esperar que o pôr do sol se faça em beleza. Os ponteiros avançam no relógio e começamos a ver que o mais certo é sairmos do local frustrados. Mas decidimos aguardar.

Mais umas fotografias para encher cartão e posicionamo-nos na ponte para finalmente ver o que vai acontecer à frente dos nossos olhos e câmaras. Algumas (poucas) pessoas já estão a ir embora. Enrolam-se na roupa. Começa a ficar fresco, frio.

Os obturadores começam a trabalhar. O final de dia não está como queríamos, mas também não é de deitar fora. As exposições começam a prolongar-se cada vez mais. Os poucos segundos passam a cada vez mais. A diferença de luz entre o céu e a terra já é grande. Os filtros gradientes podem ajudar se bem usados. Caso contrário, com as árvores a cortarem o horizonte, o mais certo é ficarem com as pontas muito escuras. Há que ter cuidado. Ou recorrer a várias exposições e depois juntá-las no computador.

Estamos a terminar. Três pessoas passam por nós e o mais novo mete conversa. Respondemos. Por fim deseja "boas fotografias". Respondo que essa será a parte mais difícil e discutível. Responde "não acredito, com esse material..."

Ou seja, andei tanto, esforcei-me, subi e desci, transpirei, apanhei chuva e frio quando, na realidade, bastava ter mandado a câmara, o material sozinho. E depois os maluquinhos somos nós...







segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Será que tira fotografias sozinha?



Comprei um desses telemóveis - ou, mais chique, smartphone - com turbo-abs-ar condicionado. Que fazem mil e uma coisas. Até tirar fotografias.

No sofá, passo três ou quatro dias a tentar explorar este canivete suíço das comunicações. Entre menus e programas e mais nem sei quantas coisas mais, chego à câmara fotográfica. Dizem que tem 8 Megapixéis. Que tem boa qualidade.

Navego entre menus, de opção para opção. Arrisco umas fotografias. De "teste", como é costume chamar. Ora fotografo os pés que pousam em cima da mesa das revistas e afins, ora a mesa de jantar, ou a caixa de um DVD, ou a televisão. Resumindo, não tiro nada de jeito, mas vou-me divertindo com o brinquedo novo.

Apercebo-me que, de facto, o telemóvel é bom. Dá para quase tudo, embora me desse um enorme jeito - e à família - que também fizesse o jantar. Mas ainda não. Deve ser o próximo passo...

Os resultados que vão saindo da câmara fotográfica também não são maus. Como se comportará no terreno, a fotografar aquilo que mais gosto? Só há uma forma de saber. Está na hora de colocar os pés ao caminho.

Num sábado recente (ou mais ou menos, depende de quando estiver a ler isto), prevendo um final de dia interessante, decido revisitar a Lagoa da Vela, um espaço com algum potencial fotográfico.

Vou armado até aos dentes. DSLR e tripé numa mão, smartphone na outra. Nem o Rambo, nos seus tempos de glória, andava tão apetrechado.

Da DSLR que normalmente uso, a Canon 5D MK II, já sei com o que posso contar. Mas o que será que consigo obter com a pequena, literalmente, câmara do telemóvel?

Não vou entrar em detalhes muito técnicos, nem apresentar os menus e opções, nem relatar cada passo que dei. Onde quero chegar não é bem aonde poderá estar a pensar. Isto não é, nem de perto nem de longe, uma review ao smartphone que comprei. Longe disso.

Depois de registar alguns momentos do final do dia, chego à conclusão que a câmara do telemóvel em causa é mesmo interessante. Permite obter fotografias com boa qualidade.

Ou seja, esta máquina-telemóvel faz boas fotografias? Felizmente ainda não. Essa tarefa cabe-nos a nós. Ou pelo menos tentar. É que para se conseguir uma boa fotografia não basta uma boa câmara. Ou um bom programa de computador para edição de imagens.

Continua a ser necessário escolher bem o motivo, a composição, o momento. E, no tipo de fotografia que mais gosto de fazer, escolher bem as melhores horas do dia.

A partir de agora sei que posso contar com mais uma aliada para os meus devaneios e passeios fotográficos. E que, no fim, só tenho que carregar no botão...





PS: Estas fotografias são apenas algumas que a câmara do telemóvel registou. Como referi, para além de escolher o momento do dia, o local, a composição e de carregar no botão, pouco mais fiz...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

As dores da fotografia



Atenção! Este artigo pode conter descrição de cenas demasiado arriscadas que não deve tentar imitar.

Todos os que fotografam, profissionalmente ou não, têm histórias para contar. Umas divertidas, outras nem por isso. Faz parte do ofício. E se afirmasse que são ossos do ofício, não andaria muito longe da verdade, já que a fotografia tem potenciado quedas mais ou menos violentas, algumas fatais mesmo. Toc, toc, toc, mais vale bater três vezes na madeira...

Vem isto a propósito do que me aconteceu nas férias. Ou melhor, num dos dias que escolhi para fotografar o pôr-do-sol, na Zambujeira do Mar.

O fim de dia de praia aproxima-se. Consulto a tabela das marés e do pôr do sol e tudo se conjuga numa sintonia perfeita. A maré estará a vazar por volta dos últimos raios de luz. Está na altura de sair da praia e ir buscar o equipamento fotográfico.

Durante o dia passo, através das rochas, da praia principal para uma pequena enseada, à direita. Com cuidado para não escorregar. Acompanhado da família, tudo corre bem. As pedras estão secas, mas não dá para arriscar. Decoro o caminho que devo tomar mais tarde... em vão, como se verá a seguir.

Abro o carro, retiro a mochila e tripé. Não há muitas nuvens, mas não vale a pena reclamar. A luz está a ficar muito interessante. Começo a entusiasmar-me. Desço novamente à praia e acelero o passo para me posicionar. Decido não levar qualquer calçado. Nem botas (que não casariam muito bem com o meu traje de banhista), nem tão pouco os chinelos. Fui assim mesmo. Descalço. À macho!

Na praia já tenho um companheiro de fotografia. Não conheço, mas já está posicionado junto à água, na praia principal, com a câmara no tripé e suporte de filtros. Não tenho tempo para meter conversa. Avanço em direção à tal pequena enseada, que acabava de ser “lavada” pelas água do Oceano e que reluz como o chão de um palácio.

Com o tripé numa mão e mochila às costas avanço por entre as rochas, até que decido não seguir pelo caminho mais seguro e atalho subindo para uma plataforma de rochas... brilhantes, escorregadias. Estou descalço, não esquecer. E foi exatamente o que me aconteceu. Esqueci-me deste pequeno (ou grande) pormenor. Dou dois passos e na cabeça estrebucha um pensamento: “isto não foi boa ideia!”.

Aliás, deveria ter escrito, ideiaaaaaa. Segundos depois estou a apreciar o céu, na posição deitado. Foi um tombo valente. Bati com o tripé e o cóccix nas rochas. O tripé é de carbono, mas o meu fundo de costas não. Mas podia ter sido pior se:

a) não tivesse a mochila às costas a proteger-me de alguma forma;
b) levasse a máquina montada no tripé;
c) depois das rochas existisse um precipício em vez de areia molhada;
d) não conseguisse pelo menos uma fotografia em condições.

Ou seja, o acidente está ali ao virar da esquina. Um passo em falso e podemos sofrer na pele as consequências de descuidos. Foi apenas mais uma lição, entre outras, que aprendi e que me ajudará no futuro. Outros não tiveram tanta sorte, no meio do azar.

Para conseguirmos a tal fotografia muitas vezes nem pensamos no que estamos a fazer, como nos estamos a posicionar, ou onde nos colocamos. O que interessa é conseguir transpor para o cartão de memória o que os nossos olhos veem. Cada vez é mais comum ver companheiros na ponta de arribas, com água pelos joelhos, junto a mares e marés traiçoeiras, no meio da estrada. Hoje tudo corre bem, mas amanhã?

Depois de me levantar, a custo, fico com receio das horas seguintes. Como iria evoluir o traumatismo? Para já tenho uma dor relativamente forte, mas consigo mexer-me bem. Por isso, limpo a areia do corpo e começo a expor. Afinal, não estou partido... O pôr-do-sol, com a luz a refletir na água e nas rochas, serve como um paracetamol.

A família, ainda na praia à minha espera, não suspeita o que me aconteceu. Está descansada. Ou aparentemente, como já me disse por várias vezes a minha mulher. Conto o que me sucedeu há minutos e noto preocupação. Parece que cada vez que saio para fotografar é este o sentimento dela. Provavelmente o de todas, sejam mulheres, namoradas, ou mães. Se até sou um tipo mais ou menos cuidadoso, ainda vou ter de o ser mais daqui para a frente.

Desta vez driblei o azar, ainda que com uma rasteira pelo meio. Mas ele anda aí, à espera de um descuido. Nunca se esqueça disto.



PS: Ah, quase duas semanas depois, ainda tenho a região (muito) ligeiramente dorida. Obrigado pela pergunta e pela preocupação...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sai uma foto para a mesa do canto

 
Este artigo vai, de certa forma, parecer-se com uma sandes mista. Uma vez terminada, nunca sabemos bem se soube a fiambre ou queijo.

Vem isto a propósito de comida e, claro, fotografia. No caso, a primeira pode ser uma excelente desculpa para a segunda.

Desculpas, essas malvadas que os fotógrafos, ou aspirantes a, estão sempre a arranjar para darem cabo do obturador da máquina. Para fazerem o gosto ao dedo.

Nos dias de descanso que tive, no final de junho, não me levantei cedo. Nem estive à espera que o sol se escondesse. Não, não estive doente, felizmente – obrigado pela preocupação.

Pura e simplesmente o tempo não colaborou. Poucas ou nenhumas nuvens, muito sol, calor. Enfim, um tempo excepcional, excepto para mim. E, para dizer a verdade, a minha atenção direcionou-se, ou direciou-me, mais para a família e para outra das minhas paixões: comer. Aliás, neste campo sei que não estarei sozinho – obrigado pela “companhia”.

Gosto de descobrir cantos e recantos onde se coma bem. Não confundir com caro. Tanto vou a um restaurante que me “obrigue” a falar baixo, como vou à tasca do sr. Manuel. Desde que se coma bem...

E, nestas últimas mini-férias aconteceu um pouco de tudo, gastronomicamente falando. Um dos locais que antes aconselhei e que merecia visita obrigatória, deixou-me na mão. O “Zé da Tasca”, em Rio Seco, Castro Marim, ficou aquém do que tinha prometido e do que já me tinha oferecido. Até prova em contrário e com alguma tristeza eliminei-o da minha lista de coisas a fazer.

Entretanto voltei a um dos meus locais prediletos: “Casa do Polvo – Tasquinha” em Santa Luzia, Tavira (http://casadopolvotasquinha.pai.pt/). Acho que já provei quase todos os pratos com e de polvo que fazem parte da ementa e, pura e simplesmente, não consigo dizer qual o melhor. Desta vez e, mais uma vez, estava tudo tão bom, num ambiente agradável, que nem sequer tive tempo para umas fotografias. Mas foi por uma boa causa...



Então, mas isto é um blogue sobre fotografia, ou gastronomia? Pergunta bem. A resposta pode ser que venha a seguir. Ou não.

Nos últimos tempos, seja em convívio com amigos, ou em restaurantes, gosto de fotografar o que vou ou estou a comer, ou o que come quem está comigo. Gosto de pensar que o que estou a fazer daria para integrar uma revista, ou livro, sobre culinária. Quem muitas vezes não pensa assim, que levante o dedo. Imaginar, ou sonhar, às vezes faz bem.

Mas a fotografia de alimentos, ou gastronómica, não é fácil. Para ótima qualidade requer cuidado com a iluminação, com o espaço envolvente, com os acessórios envolvidos, atenção ao detalhe e, claro, com a técnica. Mesmo sabendo disto, às vezes gosto de me armar em fotógrafo.

E o resultado são estas sofríveis fotografias que registei em dois espaços diferentes – se tem curiosidade em saber mais sobre os mesmos, continue a ler, que já lá vou a seguir.

Sem tripé, sem luz adequada, lá tive que “trabalhar” com as condições que tinha. Abertura máxima da objetiva para pouca profundidade de campo. Subir o ISO para não ficar com uma baixa velocidade de obturação e conseguir fotografar à mão. Analisar os melhores ângulos e composições e disparar. Ao fazer isto alheei-me, por momentos, de tudo o que me rodeava. Concentrei-me, por momentos, no prazer de fotografar.

Estas fotografias podem nunca ver outra utilidade para além de ficarem aqui, no disco do computador ou, no máximo, de virem a figurar em algum álbum que venha a fazer. Podem não servir para nada de excepcional, mas pelo menos valeram pelos escassos minutos que me levaram a fazê-las, com a câmara em punho e o barulho do disparador como som de fundo. Por mais pequenos que sejam, estes momentos fazem bem. Fazem-me bem.

E, curiosamente, ou não, foram estes pratos a desculpa perfeita para tirar a máquina da mochila. Lá está, qualquer desculpa é boa para fotografar. Mesmo que muitas vezes não haja sequer destino para o que vamos registar. Mas isso importa? A mim, nadinha...

Se já está farto de conversa fiada e lhe interessa saber mais sobre onde pode ir nas suas próximas saídas gastronómicas, o primeiro conjunto de fotos foi tirado na Casa da Igreja, em Cacelha Velha, ali entre Tavira e Vila Real de Santo António. O local perfeito para um fim de dia.

Já o restaurante Pezinhos n'areia - onde tirei o segundo conjunto de fotografias - fica na Praia Verde, junto a Monte Gordo. Tem uma sangria de champanhe que, para além de ser especialidade da casa, sabe deliciosamente. O local é fabuloso - chique mas descontraído -, com uma ementa e qualidade acima da média. E, ao final do dia, com as velas e luzes acesas, aqui tem mais uma bela desculpa para umas fotografias.

E acabou-se a sandes mista. Se de fotografia escrevi pouco, não me agradeça efusivamente por lhe ter sugerido mais uns quantos locais onde se come bem. Aos amigos não se agradece... paga-se um jantar e fica saldado.