Este artigo vai, de certa forma,
parecer-se com uma sandes mista. Uma vez terminada, nunca sabemos bem
se soube a fiambre ou queijo.
Vem isto a propósito de comida e,
claro, fotografia. No caso, a primeira pode ser uma excelente
desculpa para a segunda.
Desculpas, essas malvadas que os
fotógrafos, ou aspirantes a, estão sempre a arranjar para darem
cabo do obturador da máquina. Para fazerem o gosto ao dedo.
Nos dias de descanso que tive, no final
de junho, não me levantei cedo. Nem estive à espera que o sol se
escondesse. Não, não estive doente, felizmente – obrigado pela
preocupação.
Pura e simplesmente o tempo não
colaborou. Poucas ou nenhumas nuvens, muito sol, calor. Enfim, um
tempo excepcional, excepto para mim. E, para dizer a verdade, a minha
atenção direcionou-se, ou direciou-me, mais para a família e para
outra das minhas paixões: comer. Aliás, neste campo sei que não
estarei sozinho – obrigado pela “companhia”.
Gosto de descobrir cantos e recantos
onde se coma bem. Não confundir com caro. Tanto vou a um restaurante
que me “obrigue” a falar baixo, como vou à tasca do sr. Manuel.
Desde que se coma bem...
E, nestas últimas mini-férias
aconteceu um pouco de tudo, gastronomicamente falando. Um dos locais
que antes aconselhei e que merecia visita obrigatória, deixou-me na
mão. O “Zé da Tasca”, em Rio Seco, Castro Marim, ficou aquém
do que tinha prometido e do que já me tinha oferecido. Até prova em
contrário e com alguma tristeza eliminei-o da minha lista de coisas
a fazer.
Entretanto voltei a um dos meus locais
prediletos: “Casa do Polvo – Tasquinha” em Santa Luzia, Tavira
(http://casadopolvotasquinha.pai.pt/). Acho que já provei quase
todos os pratos com e de polvo que fazem parte da ementa e, pura e
simplesmente, não consigo dizer qual o melhor. Desta vez e, mais uma
vez, estava tudo tão bom, num ambiente agradável, que nem sequer
tive tempo para umas fotografias. Mas foi por uma boa causa...
Então, mas isto é um blogue sobre
fotografia, ou gastronomia? Pergunta bem. A resposta pode ser que
venha a seguir. Ou não.
Nos últimos tempos, seja em convívio
com amigos, ou em restaurantes, gosto de fotografar o que vou ou
estou a comer, ou o que come quem está comigo. Gosto de pensar que o
que estou a fazer daria para integrar uma revista, ou livro, sobre
culinária. Quem muitas vezes não pensa assim, que levante o dedo.
Imaginar, ou sonhar, às vezes faz bem.
Mas a fotografia de alimentos, ou
gastronómica, não é fácil. Para ótima qualidade requer cuidado
com a iluminação, com o espaço envolvente, com os acessórios
envolvidos, atenção ao detalhe e, claro, com a técnica. Mesmo
sabendo disto, às vezes gosto de me armar em fotógrafo.
E o resultado são estas sofríveis
fotografias que registei em dois espaços diferentes – se tem
curiosidade em saber mais sobre os mesmos, continue a ler, que já lá
vou a seguir.
Sem tripé, sem luz adequada, lá tive
que “trabalhar” com as condições que tinha. Abertura máxima da
objetiva para pouca profundidade de campo. Subir o ISO para não
ficar com uma baixa velocidade de obturação e conseguir fotografar
à mão. Analisar os melhores ângulos e composições e disparar. Ao
fazer isto alheei-me, por momentos, de tudo o que me rodeava.
Concentrei-me, por momentos, no prazer de fotografar.
Estas fotografias podem nunca ver outra
utilidade para além de ficarem aqui, no disco do computador ou, no
máximo, de virem a figurar em algum álbum que venha a fazer. Podem
não servir para nada de excepcional, mas pelo menos valeram pelos
escassos minutos que me levaram a fazê-las, com a câmara em punho e
o barulho do disparador como som de fundo. Por mais pequenos que
sejam, estes momentos fazem bem. Fazem-me bem.
E, curiosamente, ou não, foram estes
pratos a desculpa perfeita para tirar a máquina da mochila. Lá
está, qualquer desculpa é boa para fotografar. Mesmo que muitas
vezes não haja sequer destino para o que vamos registar. Mas isso
importa? A mim, nadinha...
Se já está farto de conversa fiada e
lhe interessa saber mais sobre onde pode ir nas suas próximas saídas
gastronómicas, o primeiro conjunto de fotos foi tirado na Casa da
Igreja, em Cacelha Velha, ali entre Tavira e Vila Real de Santo
António. O local perfeito para um fim de dia.
Já o restaurante Pezinhos n'areia -
onde tirei o segundo conjunto de fotografias - fica na Praia Verde,
junto a Monte Gordo. Tem uma sangria de champanhe que, para além de
ser especialidade da casa, sabe deliciosamente. O local é fabuloso -
chique mas descontraído -, com uma ementa e qualidade acima da
média. E, ao final do dia, com as velas e luzes acesas, aqui tem
mais uma bela desculpa para umas fotografias.
E acabou-se a sandes mista. Se de
fotografia escrevi pouco, não me agradeça efusivamente por lhe ter
sugerido mais uns quantos locais onde se come bem. Aos amigos não se
agradece... paga-se um jantar e fica saldado.
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